quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Eli, o sacerdote conivente

Eli,  o  sacerdote  conivente

    Eli  foi  o  14º  juiz  civil  em  Israel  e  o  primeiro  sumo  sacerdote  em  Siló,  cerca  de  16  quilômetros  ao  norte  de  Betel   (I Samuel  1.9).  Teria  sido  o  primeiro  sumo  sacerdote  dos  descendentes  de  Itamar  (Levítico  10.1, 2, 12;   I Reis 2.27).  Eli  administrou  numa  época  de  muita  carnalidade  e  formalismo,  cujos  filhos  Hofni  e  Finéas  que  exerciam  funções  sacerdotais,  não  procediam  de  acordo  com  o  propósito  divino,  além  de  terem  a  conivência  do  pai  que  não  os  repreendia,  incorrendo  em  sentença  sobre  a  sua  casa  (I  Samuel  2.27-34).   Eli  tornou-se  sacerdote  aos  58  anos  de  idade  e  o  fato  de  passar  40  anos  na  função  de  magistrado  e  sacerdote,  vem  justificar  que  exerceu  referidas  funções  com  sabedoria  e  autoridade,  porém  o  seu  final  foi  muito  comprometedor.   Pelos  registros  bíblicos,  com  o  passar  dos  anos,  Eli  perdeu  o  vigor  e  a  autoridade  e  se  tornou  conivente  com  o  pecado.
    Seu  declínio  espiritual  teve  início  quando:
a) Fez  julgamento  precipitado  sobre  Ana,  achando  que  estivesse  embriagada  enquanto  ela  falava  com  Deus  (I Samuel 1.14-17);
b) Honrava  mais  os  filhos  do  que  a  Deus  (I Samuel 2.29b);
c) Teve  também  sua  visão  enfraquecida,  mesmo  que  tivesse  a  idade  avançada,  porém,  vê-se  que  perdeu  também  a  visão  espiritual  (I Samuel 3. 2;  4.15);
d) Deus  não  falava  mais  com  ele  e  podemos  observar  esse  detalhe  quando  Deus  falou  com  o  jovem  Samuel  e  ele  ficou  curioso  para  saber  o  que  Deus  lhe  havia  dito  (I  Samuel  3.16-18);
e) Com  a  velhice  acentuada  e  o  peso  exagerado,  tinha  perdido  a  agilidade  e  lhe  faltava  disposição  para  exercer  a  função  (I  Samuel  4.18);
f) Vivia  acomodado,  deitado  e  sentado  (I Samuel 1.9;  3.2;  4.13, 18).

   Quanto  aos  seus  filhos,  exerciam  suas  funções  ao  lado  do  pai.   Não  temiam  a  Deus  e  nem  respeitavam  os  homens  (I Samuel  2.15-17).   Eram  tidos  como  filhos  de  Belial  e  não  conheciam  o  Senhor,  isto  é,  não  tinham  comunhão  com  Deus  (I Samuel 2. 12).   Belial  significa  impiedade,  perversidade  e  maldade  (Provérbios  6.12;   II Coríntios 6.15).   Hofni  e  Finéas  profanavam  os  sacrifícios,  levando  o  povo  a  desprezar  as  ofertas  do  Senhor (I Samuel 2.13-16).  Procediam  contra  a  determinação  divina  quando  apresentavam  as  oferendas,  que  deveriam  primeiro  apresentá-las  a  Deus  e  depois  tomar  parte  delas  (Levítico  3.3-5, 16).   Mas  os  filhos  de  Eli  tomavam  primeiro  para  si  e  ainda  sob  ameaça  (I Samuel  2.15, 16).   Contaminavam-se  com  as  prostitutas  e  se  deitavam  com  as  mulheres  na  porta  da  tenda  (I Samuel  2.22b).
    O  principal  pecado  de  Eli  foi  a  conivência,  pois  ele  sabia  de  tudo  o  que  seus  filhos  praticavam  e  Deus  o  incluiu  com  os  dois  filhos  como  dando  "coices  contra  o  sacrifício  e  as  ofertas  de  manjares"   (I Samuel  2.29).   Com  esta  conduta,  é  como  diz  o  apóstolo  Pedro:  "O  julgamento  deve  começar  pela  casa  de  Deus"   ( I Pe 4.17),  especialmente  por  aqueles  que  estão  à  frente  da  obra,  e  como  não  soube  honrar  o  privilégio  que  Deus  lhe  concedeu,  ao  contrário,  tirava  proveito  da  posição,  o  Senhor  pela  Sua  misericórdia  ainda  o  advertiu  dando-lhe  tempo  para  arrependimento,  o  que  não  ocorreu  e,  como  paciência  se  esgota,  Deus  declarou  por  sentença  a  sua  sorte  e  sentença  bem  severa,  conforme  se  lê  em  I  Samuel  2.33, 34;   3.13;  4.18-22).
    O  pecado  só  não  acarreta  sentença  como  esta,  mas  produz  conseqüências  terríveis,  por  exemplo:   tempos  depois,  Israel  foi  ferido violenta  e  vergonhosamente  diante  dos  filisteus,  que  fugiram  para  as  suas  tendas  e  caíram  de  Israel  trinta  mil  homens  de  pé  (I Samuel  4.10).   E  daí  para  a  frente,  só  má  notícia  porque  satanás  não  deixa  nada  pela  metade.   Morreram  os  dois  filhos  de  Eli  e,   além  de  perder  a  batalha,  os  filisteus  tomaram  a  Arca  do  Concerto  (I Samuel 4.17);   quando  Eli  soube  da  notícia,  caiu  da  cadeira  para  trás,  quebrou  o  pescoço  e  ali mesmo morreu  (I Samuel  4.18);   estando  sua  nora,  esposa  de  Finéas,  grávida  e  próxima  ao  parto,  ouvindo  estas  notícias,  alí  mesmo  encurvou-se  e  deu  à  luz  e,  ao  mesmo  tempo,  foi  morrendo  (I Samuel  4.19),  mas  ainda  reuniu  forças  e  deu  ao  recém-nascido  o  nome  de  Icabô  ou  "Foi-se  a  glória  de  Israel",  referindo-se  à  Arca  de  Deus  que  foi  levada  presa,  e  ainda  por  causa  da morte de  seu  sogro  e  de  seu  marido   (I Samuel 4. 21, 22).
     Concluindo,  esta  é  uma  grande  lição  que  fica  para  os  cristãos  que  têm  filhos  e  desempenham  cargos  na  igreja  do  Senhor.  Tudo  o  que  faz  o  cristão  por  conta  própria,  desprezando  os  cuidados  divinos,  gloriando-se  em  suas  próprias  presunções,  o  resultado  será  maligno  (Tiago  4.13-16).  Se  o  vigor  espiritual  estiver  em  declínio  ou  se  o  formalismo  permite  que  se  sirva  a  Deus  mecanicamente,  de  tal  maneira  a  se  ter  uma  vida  de  conivência  com  as  coisas  que  não  agradam  a  Deus,  só  há  dois  caminhos:   orar  suplicando  a  misericórdia  do  Senhor  para  prosseguir  alinhado  com  Deus  na  caminhada;   ou  renunciar  para  não  se  comprometer  com  negligência  na  Obra  do  Senhor.   Nunca  perseverar  dominado  pela  vaidade  e  pelo  orgulho  porque  não  vai  a  lugar  nenhum.   É  como  diz  Provérbios  16.1:  "A  soberba  precede  a  ruína,  e  a  altivez  do  espírito  precede  a  queda".
   Preocupado  com  essa  questão,  o  apóstolo  Paulo  aconselha  antes  de  tudo  consagração  a  Deus,  humildade  e  fidelidade  no  uso  dos  dons  e  escreveu:  "Rogo-vos,  pois,  irmãos,  pela  compaixão  de  Deus,  que  apresenteis  o  vosso  corpo  em  sacrifício  vivo,  santo  e  agradável  a  Deus,  que  é  o  vosso  culto  racional"    (Romanos  12.1). www.quandoeuoroalgovaiacontecer.blogspot.com.br

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